das festas mais ou menos felizes

23.12.14
O que 6 anos de vida ensinam sobre o amor:) #vidademae #miudasgiras #amor A minha mãe detestava o Natal. Ou pelo menos certificava-se de o dizer alto e bom som a toda a gente todos os anos.
E eu sentia que se ela não gostava eu também não devia gostar, afinal éramos uma equipa, nós contra o mundo.
Músicas de Natal? Bhléc.
Aquelas famílias felizes todos vestidinhos para o Natal? Bhléc.
Presentes de Natal? Nas vésperas lá se tratava disso à pressão, mas não sem durante o processo se bufar por todos os poros e prometer que para o ano que vem 'vou mandar tudo para o raio que o parta'.
Mas a verdade é que bem lá no fundo, eu queria que as coisas fossem diferentes. Queria que ela se sentisse feliz. Para eu achar que também teria esse direito. Porque se ela não estava feliz, nós também não podíamos estar.
Mas já lhe tinha acontecido tanta coisa, os últimos anos tinham sido tão lixados com desgraça atrás de desgraça, que hoje eu compreendo bem toda a revolta da minha mãe, gostaria que tivesse sido diferente, claro que sim, mas por outro lado prefiro uma mãe resmungona a uma deprimida.

A verdade é que com o passar dos anos, eu e a minha irmã crescemos e passamos a ser, juntamente com a minha mãe, boas amigas, e as boas amigas geralmente riem-se das desgraças. E o Natal passou a ser um momento cómico. Em que a minha mãe fazia o seu teatro e nós ríamos das mesmas frases, os mesmos bufos, a mesma cara de olho franzido que em alguns segundos se transformava em sorriso aberto. E o sorriso dela era o mais franco e bonito que conheço. Daqueles que iluminam toda a rua.

Depois chegaram os netos, filhos da minha irmã e o mundo mudou para ela. O Natal passou a ser tudo o que os netos precisariam que fosse, com prendas e árvore e Pai Natal e tudo à mistura. Foi um alívio. O começo de uma nova era, mais feliz, de uma família que crescia e ia deixando para trás a amargura.

Não durou muito tempo, não pelo menos o suficiente para que as minhas filhas viessem a conhecer essa avó, que se dizia com tão mau feitio, mas que era a mais carinhosa das mães e a mais dedicada das avós.

E tudo estaria feito para que eu detestasse o Natal.

Mas não. O Natal fica ali no meio das minhas preferências. Não é a minha época preferida, mas também não lhe guardo rancor.
Faço tudo à pressão, nos últimos dias, como a minha mãe me ensinou. E odeio músicas de Natal, não há som mais deprimente do que esse.
Mas adoro estar com a minha família e ver a felicidade das crianças, porque afinal foram e são elas que salvam tudo.

Faz-me falta a minha família, aqueles que me deram vida e que me deixaram tão cedo. Por mais que cresça o meu peito nunca será grande o suficiente para o tamanho da minha saudade.

Mas como a minha filha hoje escreveu 'o amor a de sempre vencer'.
E cá por casa o amor agiganta-se sempre perante a dor.

Feliz Natal pessoas.

5 comentários:

  1. João Petisca6:48 da tarde

    Feliz Natal! :)

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  2. Identifiquei-me muito com o teu texto, Sílvia, só que na minha vida é ao contrário. A minha mãe adorava a época e tudo fazia para que fosse uma festa bonita. E eu detesto-o. E faço tudo às últimas e a jurar que para o ano, desapareço no início de Dezembro e só volto no ano a seguir. Mas há os filhos e acho que não tenho o direito de lhes fazer isso, então lá vou aguentando tudo. Beijinhos

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  3. Boas Festas, com ou sem músicas irritantes! (de preferência sem)

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  4. Bom, eu costumo dizer que após ter filhos, pode ser que aprenda a gostar de outro tipo de Natal, porque realmente acho que o Natal é para eles. Até lá, fico na indiferença que sempre me acompanhou em relação a esse tema :)

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