Vivi grande parte da minha vida na Praia de Esmoriz, zona de praia, pescadores e mar bravo.
Recordo-me como se fosse hoje de ouvir falar de tragédias, de pescadores que desapareciam no mar, barcos que nunca mais voltavam, uns que iam e outros que ficavam.
Quando olhava para aquele mar, no pico do Inverno, que entrava pelas casas das pessoas, pelas ruas, e pelos bairros, não pedia licença e levava tudo consigo, pensava como é que ainda haviam pessoas capazes de o enfrentar com um barco, um motor e a esperança de uma pescaria. Perguntava à minha mãe, porque é que aquelas pessoas não desistiam e iam fazer outra coisa, sendo que ela me respondia: "É a vida deles". Como se de um destino se tratasse, de uma sina, de uma marca de nascimento que nunca desaparecia.
Mas, apesar de nunca ter conseguido perceber bem, acho que para além da sina, há também uma qualquer adrenalina que o mar impregna nestas gentes e que faz do constante desafio um modo de vida. Um equilíbrio ténue entre o respeito pela natureza e o medir forças com ela.
Modo de vida esse que é praticado e sentido pelos surfistas. E se os outros enfrentam o mar porque nasceram nele e dele se alimentam, estes enfrentam o mar numa relação David e Golias, alimentados por uma adrenalina que a maioria de nós não sabe o que é, mas que deve ser algo tão gigante como o tamanho das ondas que eles desafiam.
Vejam o vídeo...e respirem no fim!
[sim, foi nestas ondas que a surfista Maya Gabeira quase perdeu a vida, ao que responde sem hesitar: "faria tudo outra vez", está explicado...ou não?]
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Tenho um grande respeito pela Natureza! Adoro o mar, faz-me sentir bem,
ResponderEliminarrenova-me, dá-me energia. Admiro aqueles que o desafiam, ou se desafiam a si mesmo, independentemente das razões.
Ligia
É impressionante, de facto!
ResponderEliminarNasci na antiga maternidade do Sítio da Nazaré (aqui tão bem retratado) mas o mar assusta-me quase tanto como deslumbra. :)