do teatro, das mulheres, da música, da poesia e da paixão

"casas abandonadas, suspensas no tempo, fundidas com a natureza. Abrigos, refúgios, casulos, ventres. Mulheres-casa-mãe. Fiadeiras e tecedeiras. Aranhas, ovelhas, bichos-da-seda. Fios e novelos. Dobadoiras e teares. Cantos de trabalho e canções de embalar. Baloiços em sonhos imensos."
(excerto da sinopse do espectáculo Casa Abrigo da companhia Circolando)

este foi um espectáculo que vi há uns anos atrás e adorei. hoje, diz-me mais do que nunca, identifico-me com cada palavra, som, gesto e expressão destas mulheres.
do teatro, tenho um mar de saudades, mas há uma coisa muito especial de que sinto grande falta. de pessoas apaixonadas. a paixão de um fazedor de teatro é algo incomparável, que não vejo em muitas pessoas. a capacidade de entrega, a obsessão, o gozo e a alegria, o trabalho de repetição, tudo, mas tudo pede muita entrega e um brilho especial nos olhos. sem isso, faz-se muito mau teatro!

quanto mais velhas as pessoas vão ficando, menos paixão e entrega lhes encontro nos olhos e no coração. o que move o mundo são questões "maiores" e lugares comuns de felicidade nos quais não encontro qualquer tipo de emoção.

sobre o espectáculo acima, podem ver-se excertos de filmes e da música aqui. se por acaso algum dia passar numa rua perto de vocês, não percam...

daydreaming...

...of bright new colors!

olhó cesto...

é pró menino e prá menina
é para levar a merenda e o guarda sol
o ipodes e o padas
mandar estilo na passadeira
enfeitar a barraca e a mansão
são os cestos da loja de estar menina
é pegar ou largar
que eles já estão a começar a voar!

♥♥♥

desde que me deparei com este vídeo no FB que ando maravilhada com o trabalho da helen rodel! crochet puro, simples e bonito!

flower day

(andorinhas de otchipotchi na loja de estar e napperons da loja de estar)

gostava de vos dizer que cá em casa existe um dia em que apanhamos flores no jardim e colocamos por toda a casa...mas não é verdade. no meu jardim crescem ervas e uma tentativa recente de sardinheiras vermelhas que dia para dia estão menos vermelhas!
pois, cá em casa o flower day é quando a avó mais velhinha de todas patrocina. é que em casa dela as flores trepam por todo o lado e existem em várias cores e feitios. é engraçado ver que não existe qualquer tradição de colocar flores frescas dentro de casa da minha avó. ela planta flores e mais flores essencialmente para o cemitério e para patrocinar as suas netas, claro!
e sobre os cemitérios e este acto de colocar lá flores frescas todas as semanas eu poderia escrever aqui várias linhas...marcou a minha infância e adolescência e foi assim que eu aprendi grande parte do vernáculo de asneiras insultuosas à vida em geral, com a minha mãe, que a partir de determinada altura deixou de ter qualquer pudor em dizer o que lhe ia na alma à nossa frente.
'mãe, podes estar descansada, que nenhuma, mas nenhuma destas flores é para o cemitério e também nunca lá vou visitar quem lá não está.
faço exactamente como me ensinaste! sou uma boa filha.'

sobre a vida e a morte

house by the sea: the end

do nº 7 daquela rua não restou nada. da casa amarela com portas vermelhas a espreitar o oceano, nem uma pedra ficou para evocar memórias. limpo, foi tudo limpo. limpo e pronto a tornar-se em mais um espaço de especulação imobiliária, pronto para receber uma moderna casa de formas rectas e piscina nas traseiras. ficaram as suas imponentes palmeiras, com muitas dezenas de anos de vida, que com certeza aumentam mais uns pontos ao valor do terreno que ali ficou, limpo...limpo da sua linda casa amarela.
aqui nunca mais ninguém se vai sentar nas escadas a ver o pôr do sol, nem o portão vermelho de contos de fadas se vai abrir para as crianças e os cães. aqui não vai haver nenhuma avó a ler um livro, nem caras banhadas de sal no meio das flores e das árvores. aqui nunca mais vou conseguir sonhar com senhoras de chapéu e cadeiras de praia, com limonadas frescas e sardinheiras vermelhas.
eles vieram e levaram tudo. acabou. agora nem atravessar o oceano será suficiente para nos juntar alguma vez na vida.
adeus.

house by the sea [1]
house by the sea [2]

das limonadas e outras coisas que tal...

estava eu ontem por aqui a fazer tentativas de fotografar as peças da colecção alma gémea para a loja de estar, e a pensar que muitas pessoas nesta altura do ano já não beberiam chá, mas que poderiam usar os bules para servir refrescos. lembrei-me então da melhor limonada que já bebi, há coisa de quase 2 anos no pois café em lisboa. limonada austríaca, era como lhe chamavam. já 'googlei' a receita mas não encontrei nada, por isso não poderei aqui descrever de que era feita. só sei que era bem mais refrescante do que a tradicional portuguesa sem ser tão doce. aliás, desse café fiquei com uma boa impressão do espaço, mas principalmente da comida! a limonada, a sandes e os bolos...inesquecível.
qual não foi o meu espanto quando percebi que o negócio está para venda. não apenas o espaço, mas a continuação do próprio negócio em si, que pelos vistos tem vindo a consolidar uma clientela regular e afluente. bem, fica aqui a sugestão para quem está em lisboa e à procura de um negócio 'life changing' e também muito cansativo (ter um café deve ser muito duro!).
e enquanto pensam no vosso negócio de comida podem inspirar-se com louça à medida, com a colecção alma gémea na loja de estar, cujo stock está de novo disponível e com mais uma cor: o lilás.

♥♥♥

(via blog honestly WTF)

fotografias com ar retro
mulheres com graaaandes penteados
flores e cestos

a desenrascada arte de fotografar

hoje estive quase quase para mostrar o sítio onde geralmente faço as fotografias de interior que aparecem aqui no blog e na loja. só não mostrei porque achei que depois de verem o cenário geral a ideia com que ficam da imagem nunca mais seria a mesma. eu fotografo em minha casa, e aqui não tenho muitas zonas com boa luz natural, diga-se que dentro de casa existe um sítio apenas, que é esta parede rosa paixão. o que a maioria das pessoas não imagina é o quão pequena é a área livre desta parede. livre é como quem diz, porque antes de fotografar tenho de arrastar móveis, retirar quadros e afastar cortinas.
cada vez dou mais valor ao trabalho de produção de uma sessão fotográfica, pela diferença que eu sei que faz a escolha dos objectos, das cores, da posição, de tudo. podemos ter uma grande máquina fotográfica, mas se estes pormenores forem descuidados uma fotografia nunca será tão boa como poderia ser.
aqui em casa chega a ser cómico, porque uso um comando para disparar a máquina, que tenho de esconder durante o processo, depois tentar que o que quero esteja minimamente focado, depois que eu não fique em posições completamente estranhas e com olhos de peixe morto, que é o mais normal!
vocês não imaginam, mas não imaginam mesmo a quantidade de fotografias que se fazem para se conseguir um mísero corte de jeito que mostre o produto que pretendemos apresentar.
é tudo muito amador, eu sei, mas ainda assim esforço-me o melhor que posso e perco aqui muitas horas, sendo que 90% do material é lixo...hoje, consegui fazer 3 fotos de 1 dos 10 produtos que tenho para fotografar. é cansativo e não é nada divertido quando assim é...o radiador que teima em aparecer em todas as fotos bem sabe, e agora a minha filha também, que ficou sem mudador de fraldas porque a mãe anda lá em cima com os pés a fazer caretas para a máquina. enfim...melhores dias virão!

é ouro!

senhoras e senhores, apresento-vos ouro em formato cremoso!
isso mesmo, ouro, a julgar pelo tamanho e pelo preço final deve ser ouro. já pensei em guardá-lo no armário para tempos difíceis ou tentar colocá-lo ao pescoço. mas não, não se trata de uma jóia nem de um plano de poupanças.
é o meu creme dos olhos, isso mesmo, o insultuosamente pequeno e caro creme dos olhos!
e a pergunta que de facto interessa...resulta?
SIM!

e assim se fazem melhores dias para raparigas de trinta e tal anos, mães de crianças e a precisar de se sentirem bonitas:) se bem que a senhora da loja me disse que não havia nada como dormir bem, que nesta fase há que abdicar das noitadas e tal para uma pele resplandecente de vida! claro que não lhe disse que tinha sido mãe, senão ela ainda me fazia comprar os outros cremes para a barriga e para o corpo em geral...ahahahahahah!

profissão: blogger

(fotografia de bleubird vintage)

há muito tempo que queria falar deste assunto aqui no blog. abordar e ouvir opiniões sobre os blogs chamados de "profissionais".
este termo, em inglês, define-se como um "pro profit blog" e é um cenário que em portugal praticamente não se põe (ainda) mas que nos EUA é uma realidade e um mercado muito interessante.
resolvi falar sobre isto ao ler os FAQ do blog bleubird vintage, que sigo regularmente pois sou uma fã do estilo pessoal da miss james. e sim, é por isso e apenas por isso que o sigo, adoro as fotos, as combinações e os links que ela propõe. é também engraçado "seguir" uma vida tão diferente da nossa, pela cultura e pelas opções. já tinha percebido que se tratava de um blog profissional e que ela assumidamente vivia do mesmo, mas só no outro dia resolvi analisar o negócio em si. então vamos lá fazer umas contas e dar a perceber este cenário para quem nunca pensou nele:
- 34.000 visitas por dia (WOW!!!)
- 46 patrocinadores (lojas/blogs que fazem lá publicidade)
- ofertas quase semanais de produtos para serem referenciados, apenas por livre escolha da autora. ou seja, as marcas enviam roupas, calçado, acessórios, para ela usar e, se gostar fazer referência no blog
- várias referências em revistas de moda e outros blogs da especialidade
- claro que a isto tudo, ajuda muito o facto de a qualidade fotográfica ser muito, muito boa (o pai da família é fotógrafo) e o facto de a família se juntar para fotos bem divertidas como a que está aqui em cima
- agora apenas um pequeno número para pensar: se cada anúncio custar 50 euros por mês (e eu digo-vos por experiência que com certeza será bem mais) o lucro deste blog será de 2300 euros por mês, fora ofertas.
- que tal? parece um bom trabalho ou não? a mim parece-me:D

vamos a outro exemplo também muito famoso. quem não conhece e lê o swiss miss? aqui é muito simples, há um patrocinador semanal, que paga 500 USD por semana para lá estar. as contas aqui são bem fáceis:D

e podíamos continuar por um sem nº de blogs que o fazem e fazem muito bem.
também há aqueles que se denominam de "add free blog", o que deve ter sido uma consequência desta tendência que com certeza cansou alguns leitores que preferem ler um blog "limpo" de publicidade.

por cá, nem uns nem outros. há pessoas que associam actividades profissionais e lojas (:D) ao seu blog e o usam como canal de comunicação e com certeza têm neles uma fonte de rendimento, mas que não é directa, ou seja, não são remunerados pelo simples acto de "bloggar" e aí não se pode considerar uma profissão. há blogs com muita qualidade fotográfica e de conteúdos, mas o volume de visitas talvez ainda não seja suficiente para se considerar este tipo de possibilidades.
se bem que eu vejo isto como uma situação a crescer no futuro em portugal, quando as marcas começarem a perceber que hoje em dia um blog influencia muito mais os leitores do que muitas das revistas do mercado. muitas de nós mulheres já compramos a vogue e apreciamos as suas produções fotográficas e as notícias do mundo internacional da moda, mas quantas de nós nos identificamos com essas revistas realmente? poucas, muito poucas.
os blogs têm essa capacidade, a da identificação. as pessoas leêm porque se identificam de alguma maneira, leêm quase porque "gostam" da pessoa que o escreve como se a conhecessem. é uma proximidade virtual, mas muito forte. e esta sensação de identificação tem muita mais força do que a leitura de algo que nos é completamente distante e que nos limitamos a contemplar, mas sem qualquer vontade de lhe "tocar".

e pronto, fica aqui uma pequena reflexão. não costumo apelar aos comentários, mas gostava de ouvir as vossas opiniões sobre isto. o que pensam dos "pro profit blogs"? o que mais gostam de ver e ler num blog? parece-vos que esta poderá ser uma profissão de futuro no nosso país? ou seremos eternamente pequenos demais?

i need a long, long hair...

(via 'a cup of jo')

...para fazer um destes todos os dias!
♥♥♥

por aqui

por aqui vivem-se dias de reclusão. hoje tive uma pequena e ultra rápida investida no mundo do consumismo, que me rendeu 2 peças de roupa e 2 acessórios, vistos, escolhidos, experimentados e comprados em menos de 15 minutos. comigo resulta bem assim...
mas de facto os dias passam-se por casa, com visitas frequentes aquele que passa a vida a sussurrar nos nossos ouvidos "venha cá":D os poucos momentos em que saímos, vamos à praia. mas é verdade que o fazemos sempre pelo mesmo caminho, para baixo e para cima, não inventamos grandes passeios nem ruas novas. e são esses os momentos em que eu tiro fotografias o caminho todo, a tudo o que me aparece à frente. então desta última vez ele perguntou-me o que é que eu ainda conseguia fotografar depois de tantas vezes ali passar e sempre com a máquina na mão.
tentei explicar-lhe mas não consegui...
mas as imagens falam por si, isto por aqui é mesmo muito, muito bonito!!!!

ps: o que eu não achei nada bonito foram as fotos que ele me tirou com a simone, depois de eu lhe pedir encarecidamente para nos fotografar, para eu poder provar às pessoas como somos parecidas.
well...sobre as fotos não vou dizer nada, porque a culpa é dele que não sabe tirar fotografias de jeito, mas eu fiquei traumatizada ao ver a minha cara enfrentar o sol da praia, de repente caiu-me assim a ficha de que estou cheia de rugas nos olhos...eu já sabia, mas estou bem pior. OK, pode ser do cansaço e do facto de eu já estar a distanciar-me bem dos 30 anos. mas porra, uma rapariga nunca está preparada para isto. por isso, no próximo ataque de consumismo flash, vou gastar uma pipa de massa num creme milagroso!!! anyone??? que cremes milagrosos aconselham? e quando eu digo milagrosos, são mesmo milagrosos, podem ter químicos e cheirar a fossa que eu não quero saber!
ah, nestes momentos de nada vale pensar que são rugas de rir e de chorar e tal e coisa e a música e a alexandra lencastre na publicidade. não. rugas não. nem cabelos brancos. nunca estarei preparada para estas coisas...não!

[loja de estar goes bench monday]

há muito tempo que sou fã das fotografias da rita cordeiro no grupo do flickr bench monday. são como uma lufada de ar fresco nas segundas-feiras mais cinzentas.
é por isso com muito gozo que vemos as socas da loja de estar na edição #54 da rita cordeiro no bench monday.
e viva as segundas-feiras!!!!

[as socas existem nos nº 36, 39 e 40 e podem ser adquiridas por 60€ na loja de estar]

stuff is just stuff but...

hoje estou deprimida porque vendi o meu carro...
dizem os especialistas que foi uma grande sorte. eu sei que ele já tinha mais de 11 anos, 4 donos, mais de 200.000 km feitos há muito, um acidente que o deixou a desintegrar-se o resto da sua vida, vários carters partidos, nunca teve leitor de CD, nem ar condicionado e até as janelas eram manuais:D
também não tinha espaço para a família grande que tenho agora, muito menos para estas cadeiras kitadas que dizem salvar vidas (alguém se lembra de fazer viagens no banco de trás deitado? eu lembro...)
cá em casa nos últimos tempos o lema tem sido 'downsizing': reduz as necessidades se queres passar bem. a verdade é que nós, como qualquer família suburbana tínhamos cada um o seu carro: 2 seguros, 2 revisões, 8 pneus, 2 garagens, etc... mas chegamos à conclusão que devido à natureza dos nossos trabalhos tínhamos a sorte de não precisar efectivamente de ter 2 carros (para mim isso é uma sorte, para outros pode parecer uma depreciação social). o que posso dizer, é que sabe incrivelmente bem ir eliminando pagamentos automáticos da conta bancária: primeiro foi o empréstimo, depois o seguro de vida por causa do empréstimo, depois o condomínio, mais outro sem número de gastos associados a casas e a carros, que todos temos, mas que nem sempre precisamos. o que é essencial é de facto pouco se formos analisando bem as coisas, e o pior de tudo é que muitas coisas que consideramos indispensáveis nada fazem para aumentar a nossa qualidade de vida ou conforto, porque muitas delas nós nem sequer escolhemos, são-nos impostas.

este carro veio para as minhas mãos na pior fase da minha vida e pelas piores razões...mas ainda assim era o único carro do mercado que tinha uma jarra para para por flores, e isso é algo muito importante!
e por isso hoje estou deprimida e a sentir-me 10 anos mais velha:(
mas a vida continua e a verdade é que o tempo passa e temos de andar para a frente e não ficar agarrado às coisas. vou mas é pensar num presente muito nice para oferecer a mim própria com este dinheiro, que eu bem mereço:D

e agora vou ali por óleo na minha bicla que pelos vistos vai mesmo começar a andar!