miguel bombarda, sábado à tarde:
mãe (da foz, cabelo com extensões e unhas com uma técnica que desconheço, apenas sei que não são verdadeiras) e filha adolescente (calças, camisola justa, saltos altos) passeiam pelas lojas, entram no artes em partes:
(filha) - isto é mesmo fixe por aqui mãe;
(mãe) - não percebo porquê;
(filha) - não vês que aqui é só freaks?
(filha) - quando for para a ESAD tenho sempre de vir aqui comprar roupa, por isso vai te habituando!
aaaaahhhhhhaaaaaaaahhhhhhhhh.......(grito para dentro, durante pelo menos meia hora)
o que é que se está a passar com o mundo?
freaks????? alternativos??? no meu tempo os meninos que andavam de casacos fred perry, calças largas e cabelo com franja comprida não eram freaks eram BETOS!
estará tudo a perder o sentido?
nunca poderemos considerar um conceito cujas lojas vendem casacos todos acima dos 150 euros como roupa alternativa, vamos lá chamar a isto roupa para a classe alta!!!!
os tão aclamados artistas que se diz circularem por aquelas bandas não passam de um mito urbano, pois apesar do grande número de galerias os artistas não se visitam uns aos outros...não é por aí que eles andam, disso posso vos garantir!
fico um pouco triste ao ver a rua ser invadida de lojas ultra caras, tiazonas com as suas amigas que acham muito radical passear numa rua que CONTINUA carregada de CÓCÓ de cão por todo o lado, pseudo designers da treta, seguidores da filosofia e estilos gays (apenas porque é fashion) e mais um sem número de espécimens que nada têm a ver com a fauna original daquela rua!
as lojas extremamente caras estão a afastar as pessoas "normais" e a originalidade não abunda tanto por lá como se diz!
vim embora, triste e de mãos a abanar...não consegui ver nada de jeito e o bolo de banana com cobertura de chocolate já não há!
beber chá era também impossível tal era a fila:)
rua do almada!
passa um velhote por mim, depois uma família de russos (acho eu!) e depois um rapaz com estilo (finalmente), daqueles com calças de bombazine castanhas (com 10 anos de uso), sapatilhas que não se vê a marca, t-shirt e uns olhos de quem está a morrer de amores (ou fumou um pouco demais)...bem, do tipo, acordei, vesti o que me apareceu á frente e mesmo assim tenho estilo! (tenho um especimen destes em casa e tenciono mantê-lo, pois já não são fáceis de encontrar)! ...
retroparadise: fechou a parte de roupa, só para o teatro! (no porto já não há onde comprar roupa em segunda mão!)
casa almada: se na outra rua não há bolsa que aguente, aqui é melhor nem tentar!
maria vai com as outras: fechado
andando mais para baixo: fechado, fechado, fechado...
estava já de noite, tinha passado a tarde e fiquei triste...o porto anda perdido!
melhores dias virão...espero!
ser ou não ser cool
16.11.08
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amén.
ResponderEliminarEsse estilo "alternativo" merecia até uma dissertação maior, mas resumiste bem a sensação. :)
Está na moda ser "freak", não é à toa que os betos se passeiam pela Miguel Bombarda! Deve ser por isso que os preços são tão inflaccionados...
ResponderEliminarEm relação ao Artes em Partes, eu bem sei que tem chás e tartes maravilhosas, mas o facto de ficar à espera 1 hora para vir alguém perguntar o que eu vou querer anula a vontade de lá ir...
sim, a rua está cara, as lojas só em saldos. sim, a betada já não é o que era. e sim, vê-se muita coisa engraçada mas começa a haver também muitas repetições. mas fora dos dias em que está lá meia cidade, o artes em partes é muito simpático e confortável (passei lá muitas horas a escrever a tese) e gosto das lojas porque trouxeram de volta as pessoas à cidade e à rua e trouxeram coisas diferentes (mas sim, poucas são muito boas). e claro que aquilo agora está benzolas mas mesmo assim, aos sábados de manhã (ou melhor, final da manhã, quando as lojas abrem e ainda está toda a gente a fazer compras no continente), a rua é simpática!
ResponderEliminarHá muito tempo que constatei isso da miguel bombarda. Parece que me leste o pensamento. Tanto sítio fechado? Com um bebé de 1 mês e pouco parece realmente que passei a viver num mundo à parte! Como se sobrevive a esta fase sem morrerem muitos neurónios?
ResponderEliminarBjs
Como está a tua miúda?
Olá!!
ResponderEliminarNem imaginas o eco que as tuas palavras fizeram em mim...Como pode o pessoal dizer que aquilo é alternativo? Só se for mesmo pelo poios espalhados pela rua e pelo degredo que apresentam as casas e as lojas.
acredito que o porto precisa de uma revolução! só quando as pessoas tomarem o pulso da cidade é que ela poderá renascer. De outra forma vai transformar-se numa cidade fantasma.