acabei de escrever este post e ele desapareceu....hurghhh...cá vai outra vez.
acabei de ver este post no blog da margapinta e despertei novamente para um assunto que por várias vezes já me tinha questionado ao ler noutros blogs divulgações de plágio e coisas do género na área do artesanato. e a verdade é que tenho muitas dúvidas sobre como funciona esta coisa da protecção da peça de autor no que ao artesanato diz respeito.
numa área mais técnica, uma invenção é alvo de uma patente que a protege do plágio e dá direitos ao seu autor. no entanto se alguém usar essa patente e a desenvolver diferenciando os princípios de funcionamento, pode declarar uma outra invenção e patentear a mesma...mas no fundo usou a base de outro para ponto de partida do seu trabalho...já isto é estranho, mas nas áreas artísticas, para mim isto é uma zona enublada...
eu por exemplo, ao analisar as minhas (poucas) peças de crochet, nunca pensei em considerá-las peças de autor. o que sei, ensinou-me a minha avó e retirei modelos de livros ou aprendi em revistas. não sei com quem a minha avó aprendeu, mas ela que é uma verdadeira artista do crochet, faz as peças mais incríveis e complexas que conheço, atribui também todos os seus créditos a outras pessoas que a ensinaram a ela ou a revistas e livros. nos livros antigos de artesanato nem sequer havia referência aos autores dos esquemas ou algo parecido, é conhecimento comum, saber-fazer que passa de gerações em gerações e é aprendido e reeinventado sem nunca ser reclamado. claro está que, após saber o que quero fazer, atribuo o meu cunho pessoal às peças através das cores, das formas que altero e de pequenos detalhes que as tornam de alguma forma originais, mas tenho por isso direito de dizer que as inventei? que são minhas criações? geralmente costumo apenas dizer "feito à mão por"...
e o mesmo se vê noutras formas de artesanato...afinal a quem ele pertence? se é utilizado um molde para uma determinada peça de vestuário e depois se muda o tecido, este passa a ser da autoria de quem mudou o tecido? não compreendo bem isto, não estou contra nem a favor, apenas não compreendo...
agradeço por isso comentários, explicações, contradições, tudo o que me possa ajudar a formar uma opinião bem fundamentada neste assunto, que considero tão importante, mas ao mesmo tempo tão confuso....
peça de autor ou autor da peça????
19.2.08
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também tenho uma opinião um pouco céptica em relação ao que se considera plágio ou não.
ResponderEliminarDa área de trabalho de onde venho, plágio só se copiares literal e directamente o projecto de outro arquitecto. Fora isso, seria impossível concebermos uma evolução e aprendizagem no panorama da arquitectura se a geração seguinte não folheasse Croquis, ou não fizesse viagens de arquitectura. Tudo é inspiração e aprendizagem, à espera de ser reinventado por quem tiver boas e melhores ideias.
Nesta área dos crafts, não percebo muito bem qual é a diferença. As pessoas são muito mais sensíveis em relação a algo que as lembre remotamente do seu trabalho, um pormenor que seja. Por causa disso, eu não percebo por onde é que elas começaram a aprender, porque tenho quase a certeza que, antes de criarem modelos originais, se inspiraram muitas vezes em coisas que viram, na internet, revistas, etc.
Também não gosto quando adoptam modelos que encontram em qualquer lado e, por serem os primeiros a utilizá-los no panorama português, se intitulam originais ou reclamam propriedade (e já vi isto acontecer com 2 pessoas muito conhecidas, mas parece que ninguém se apercebeu).
E se se inspiram em algo que vêem, NUNCA referem a fonte, que para mim é o único erro gravíssimo que cometem.
Admiro muito mais um criador que consegue englobar no seu trabalho diversas influências, expondo-as critica e conscientemente.
Já vi peças com modelos iguais aos meus, e pormenores chapados, mas não considero plágio por várias razões:
1-quando olhas para as fotos é óbvio que a pessoa está a experimentar fazer outro tipo de coisas, e para isso usou as minhas peças como inpiração. Não me importo.
2- a diferença de qualidade é mais que óbvia. Não me importo.
3- por causa dos pontos 1 e 2, não se confundem com aquilo que eu faço. Logo não me importo.
Até agora, o único caso de plágio directo que conheço, digno de processo em tribunal foi o que aconteceu com a imagem dos bonecos da Rosa Pomar e as t-shirts foleiras. Isso sim, é sério.
Dito isto, não descarto a hipótese de me chatear a sério se alguma vez me aparecesse à frente uma peça exactamente, exactamente igual a alguma das minhas.
Olá!
ResponderEliminarEncontrei o teu blog por acaso e gostei muito.
Vou voltar mais vezes.
Deixo aqui os meus dois blogs se quiseres passar a visitar:
Saco de Água Quente - um blog para a paródia, música, novidades, cinema e outras curiosidades...
www.sacoaguaquente.blogspot.com
e
Tendências Kriativas - o blog onde meto as minhas criações em conjunto com uma amiga...
www.tendenciaskriativas.blogspot.com
Obrigada e Bjokas
Bem, o teu post é pretinente!!!
ResponderEliminarLi-o e comecei logo a pensar no assunto, pelas minhas habilitações, pelas minhas vivências e pelo que tenho observado por aí.
Acho que vivemos numa burocracia das palavras, "quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?" Aparentemente o que estou a dizer pode não fazer, à primeira vista, sentido, por isso explico:
- Uma "ideia original", um produto, parte de dois pais: a necessidade e o método.
A necessidade é algo que está incompleto, que precisa de ser colmatado e que por si só não se resolve.
O método é o meio, que quase sempre é técnico, para se chegar a um fim, mas que por si só, também, não se resolve.
No nascimento de um produto, necessidade+método, é considerada a originalidade, que é uma alma que o criador transmite á peça e que a torna diferente, dentro de um determinado contexto.
Na prática (vou dar um exemplo que não é o teu, mas já o volto para ti) uma peça feita pela Rosa Pomar, ex.: um dos seus bonecos, é verdadeiramente original!
Porquê? Porque, surgindo de uma necessidade (ser um objecto brinquedo) e de um método (que se divide em várias fases, mas que se pode simplificar pela técnica da costura), recebeu por parte da sua criadora um aspecto formal totalmente diferente dos outros seus pares, bonecos de pano.
Quando um fabricante produziu aquelas polémicas T-shirts, que usavam como imagem os bonecos da Rosa, cometeu vários erros.
Sendo que o mais grave foi o de não ter pedido autorização para utilizar a imagem (alma) desse boneco, à sua criadora/ autora.
Embora, parecendo contraditório, as T-shirts eram "originais", segundo o príncipio que apresentei anteriormente, por serem um objecto com função e forma diferentes da do boneco da Rosa. Seria um plágio total se alguém produzi-se um produto igual, copiando: a forma/ imagem, o método, o material, em resumo tudo e o anunciá-se como seu, como sua criação. Claro que nessa altura, presume-se, que o registo de marcas e patentes funcione em defesa do criador lesado.
Pessoalmente e porque fiz, por necessidade, uma pesquisa sobre registo de patentes, marcas e conteúdos, percebi que não existe nada que proteja verdadeiramente o TRABALHO de uma pessoa, embora possa proteger o produto/ marca/ conteúdo.
O artesanato é um meio, veículo de produção, transmitido de geração em geração e que engloba os objectos produzidos pelas mãos do homem, manufacturado. É de todos e de ninguém em particular.
E existem artesãos portugueses que ficaram na história, cujos trabalhos foram marcados pela originalidade! Um exemplo é, outra Rosa, Rosa Ramalho, que tão popular se tornou com os seus bonecos de barro.
Quanto aos teus trabalhos:
- Não! Não foste tu que inventas-te o crochet, mas o crochet é o método/ meio que utilizas para concretizares as tuas peças.
Se houvesse alguém no mundo que cria-se uma formula nova de fazer crochet e a patenteásse não a poderias reproduzir;
- Sim, as tuas peças são originais, porque nelas imprimes a tua alma, a que chamas tão bem de cunho pessoal, alterando cores e detalhes;
- Sendo pensadas e executadas por ti, sim és a sua criadora;
- Quanto à última questão, usar um molde de um vestido para fazer um outro, é apenas um dos processos do método. O outro vestido poderá ter um aspecto formal semelhante ao do primeiro, mas sendo utilizado um outro tecido e sendo o seu criador/ realizador uma outra (ou a mesma) pessoa poder-se-á dizer que é original, porque resultou de uma mesma necessidade, mas o método foi diferente.
Por outras palavras: Mãe A + Pai B = a filho C (um original), mas se à Mãe A juntares um Pai D, o filho E também é um original.
Este comentário já vai longo, mas penso que fui esclarecedora quanto ás tuas dúvidas, e se estou errada, por favor corrijam-me, pois estou sempre pronta a aprender.
Felicidades!
Bem, uma explicação melhor do que esta será com certeza difícil...e parece-me que da forma como foi explicada, há sem dúvida conhecimento de causa.
ResponderEliminarObrigada Ana Maria
Deixei um comentário no meu próprio post ;)
ResponderEliminarEu confesso que para mim também não é muito fácil distinguir este tipo de situações, ou seja, a diferença entre plágio e inspiração, mas também sou muito novata nestas andanças...
ResponderEliminarTambém confesso que o post da Margapinta me causou muita curiosidade em relação a tudo isto... passei o dia a pensar nisto e a "discuti-lo" com algumas pessoas, com opiniões diversas sobre esta matéria...
De qualquer modo ao ler todos os comentários até agora, concordo com o que a Alice escreveu... faz todo sentido o que ela escreveu!!!
bem, voltei para ver que mais tinha sido dito aqui sobre este assunto, e ainda bem porque o comentário da Ana Maria foi muito esclarecedor.
ResponderEliminarObrigada!